Os Deuses tinham condenado Sísifo a empurrar sem descanso um rochedo até ao cume de uma montanha, onde a pedra caía de novo, em consequência do seu peso. Tinham pensado, com alguma razão, que não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança. Se este mito é trágico, é porque o herói é consciente. Onde estaria, com efeito a sua tortura se a cada passo a esperança de conseguir o ajudasse?
O operário de hoje trabalha todos os dias da sua vida nas mesmas tarefas, e esse destino não é menos absurdo. Mas só é trágico nos raros momentos em que ele se torna consciente.Sísifo, proletário dos Deuses, impotente e revoltado,conhece toda a extensão da sua miserável condição: é nela que ele pensa durante a sua descida.
A clarividência que devia fazer o seu tormento consome ao mesmo tempo a sua vitória. Não há destino que não se transcenda pelo desprezo.
* Albert Camus - O Mito de Sísifo, Ensaio sobre o Absurdo: Lisboa, Livros do Brasil, 1972.
domingo, janeiro 23, 2005
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1 comentário:
Fire and Ice
SOME say the world will end in fire,
Some say in ice.
From what I’ve tasted of desire
I hold with those who favor fire.
But if it had to perish twice,
I think I know enough of hate
To know that for destruction ice
Is also great
And would suffice.
Robert Frost (1874–1963).
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