quarta-feira, agosto 24, 2005

Você não me ensinou a te esquecer




















Caetano Veloso [extracto... ]

Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto
E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro

Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde
nunca mais perdê-la

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
(...)
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou
e me deixou aqui sozinho

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer

(...)

[Bruno Mattos / Odair José ]

sábado, agosto 20, 2005

terça-feira, agosto 16, 2005

Terei que te perder...


Saí a contar as estrelas
Na noite abafada
e húmida.

Vi-me envolto na névoa espessa
No tumulto dos sentidos...

Uma brisa gelada
inundou-me a alma
perplexo ainda...
inconformado
pela inutilidade
da reafirmação do amor!

Sinto-te perto
à distância de um gesto
à mercê duma jura
presa de um sorriso...

Mas estás tão longe...
para lá da névoa dos sentidos
conformada
com a inutilidade
de reafirmação da vida...

Terei que te perder,
quando te tinha...
para poder florescer
o teu jardim proibido!

sexta-feira, agosto 12, 2005

...Uma noite em claro!


Mais uma noite em claro...à tua espera!

terça-feira, agosto 09, 2005

Ainda que mal



Ainda que mal pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal te entendas,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda, assim, pergunto:
me amas?

E me queimando em teu seio,
me salvo e me dano......
de amor.

[CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE]
[Colagem Estéban Vicente]

sexta-feira, agosto 05, 2005

segunda-feira, agosto 01, 2005

The Lady's "YES".

"Yes", (You) answered (me) last night;
"No", (that) morning, sir, (you) say:
Colors seen by (web-cam) candle-light
Will not look the same by day.
(Adapt. de Sonnets from the portuguese and other love poems. Illustrated in color by Adolf Hallman)
[Elisabeth Barrett Browning]

...Terra Quente e Terra Fria

Chãs - Vila Nova de Foz Côa

...Toda a vertente esquerda do Doiro até aos contarfortes do Montemuro, carne administrativamente enxertada num corpo alheio, que através do Côa, do Távora, do Torto, do Balsemão, desagua na grande veia cava materna as lágrimas do exílio.

Um mundo! Um nunca acabar de terra grossa, fragosa, bravia, que tanto se levanta a pino num ímpeto de subir ao céu, como se afunda nuns abismos de angústia, não se sabe por que telúrica contrição.

Terra-Quente e Terra-Fria. Léguas e léguas de chão raivoso, contorcido, queimado por um sol de fogo ou por um frio de neve. Serras sobrepostas a serras. Montanhas paralelas a montanhas.

...Não se sabe por que maneira este solo é capaz de dar pão e vinho. Mas dá! Por ser pão e por ser amassado com o suor do rosto. Sabe a trabalho. Mas é por isso que os naturais o beijam quando ele cai no chão...

[Miguel Torga. Portugal]

...
Olha queres ouvir-me?-
às vezes sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:

Era uma vez uma princesa
no meio do laranjal....

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
eu saí da moldura
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

[...Extracto do Poema à mãe, de Eugénio de Andrade]

Nada mais óbvio que pensar em ti, ao percorrer estas fragas que te viram nascer, crescer, amar e chorar!